No dia 12 de maio de 1999, um dia após o falecimento do cantor José Ricardo, durante o seu velório na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, um fato curioso chamou atenção do seu filho Luiz Murillo Tobias: a maioria dos que davam os pêsames, destacavam o seu exemplo de solidariedade e amor ao próximo, sua bondade e presteza a todos aqueles que dele necessitavam, independentemente do nível de relacionamento ou amizade. De lado, ficou sua inquestionável capacidade artística e vocal – que transformou-lhe em artista famoso. Ambos os lados eram conhecidos de sua família, mas o fato dessa personalidade solidaria estar em destaque sobre sua obra artística foi especial.

No momento em que o carro do Corpo de Bombeiros começou deixar a praça para seu sepultamento, a Cinelândia parou. Todos que estavam na escadaria da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e ao redor começarem a bater palmas. Estima-se que em torno de cinco mil pessoas passaram pelo local para se despedir de José Ricardo. No coração de familiares e amigos mais próximos, bateu um sentimento comum de que a essência de uma obra tão importante não poderia terminar ali. Sua lição de fraternidade era algo muito forte e algo deveria ser feito.

Poucos dias depois, em 18 de junho de 1999, houve uma segunda grande perda para sua família e admiradores da MPB: falece a cantora Dircinha Batista – de quem José Ricardo cuidou e assumiu a responsabilidade como membro de sua família nos seus quinze últimos anos de vida. Nesta época, estava em cartaz a premiada peça ´Somos Irmãs´, escrita por Sandra Louzada, que contava a história das Irmãs Batista. Do elenco faziam parte estavam as atrizes Nicette Bruno e Suely Franco. 

Nesse cenário de perda e resgate de história se forma o importante elo que, mais tarde, resultaria na criação da FUNJOR: a aproximação do engenheiro Luiz Murillo Tobias, filho do cantor José Ricardo, com a atriz Nicette Bruno.